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Discurso Directo -1997

PRÓLOGO

   Um singular acaso iluminou a confusão de papeis que iam crescendo no fundo da gaveta e, nesse dia, aconteceu revelação. havia ali algum sentido, indícios de filão, de mensagem subliminar à espera de ser descodificada. 
     O aliciante de tal empreendimento depressa esbarrou com a dimensão do desafio a superar. Juntar, em íntimo convívio, géneros literários diferentes não seria tarefa fácil.
     Venceu a constatação de que um primeiro livro também pode ser o último. Venceu o instinto, a vontade de não deixar no subsolo algo que, eventualmente, poderia ser útil à comunidade. Venceu a perspectiva de conteúdo, aliada e não refém da procura da forma .
     "Discurso Directo" não nasceu normalmente, como qualquer livro que se preze. Durante anos, balançou entre a esperança de nascer e a ameaça de abortar.
      Paulatinamente, foram sendo superadas as dificuldades, inerentes a uma tardia estreia literária. Acabou por vir à tona o eventual interesse, para os potenciais leitores, do testemunho vivencial de uma ínfima parte,  consciente da sua mesclagem ao Todo Universal.
      Foi essa conjuntura que incentivou a publicação dum livro, onde voam diálogos e narrativas, que, planando livremente, poderão levar-nos a outras terras e outras gentes. 
      Nas suas páginas, textos em prosa cruzam em bando o firmamento, sem aparente plano de voo. Poemas pairam no Azul, como brancas nuvens, atraindo o olhar para cima.
      De repente e sem aviso, tanto se pode vestir a bata do analista como pegar na candeia do filósofo e, idoso e a seguir, regressar ao Universo "do bilhete de identidade ".
      Às vezes, poderá assemelhar-se a esboço de manual. Não um manual que recomende fazer isto ou aquilo, "xis" minutos ao deitar, visando causas e garantindo efeitos. somente uma ilusão de manual, que se esvai na esquina do parágrafo seguinte.
      sob a batuta do aleatório, do imprevisível, "Discurso Directo" poderá transportar-nos através do espaço infinito, procurando com o pensamento outros irmãos, detectando com a intuição outros sentires.
      Vestirá o hábito do monge, ou os andrajos do asceta e poderá, em êxtase, cruzar o Tempo e assistir ao drama universal do Golgota.
      Iremos saltar fronteiras, percorrer espaços, calcular probabilidades, sem nunca se Cristalizar uma definição, nem se fechar a porta ao eterno fluir da atracção pelo insondável maravilhoso. Esse desafio incentivou, finalmente, a publicação deste livro. 
      Expectantes, iremos encetar, espero bem, um curioso ensaio de diálogo em "Discurso Directo". 

 

A. Durval

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