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Um caso vivido de telepatia

Quando casei esperei alguns meses pelo primeiro filho. Eu e minha mulher moravamos numa casa, junto à de meus pais, e que lhes pertencia. Foi aí que começou esta história, verdadeira, a que dei o nome de "um caso de telepatia". (extraído do meu livro autobiográfico - "Sombra e Claridade").
"Um caso de telepatia

Tinha casado há cerca de um ano. Era o dia 14 de Julho de 1970 e morava na casa dos meus pais na Circunvalação do Amial. Era filho único e quando casei tive acesso a essa casa que era uma extensão e que não estava alugada nessa altura.
A minha mulher estava para ser mãe pela primeira vez. Faltavam, ainda, mais de 20 dias para o parto acontecer. No entanto ela não se sentia muito bem. Sentia umas pequenas dores na barriga e em determinada altura veio ter comigo e queixou-se dessas dores. Disse-me que era talvez conveniente ser vista por um médico. Eram quase 10,30 horas da manhã e nós  resolvemos ir ao Hospital de S. João que não era longe. Ela vestiu-se, preparou-se, e depois saímos para a Circunvalação. Ia-mos para a paragem do autocarro mas, como de facto seria uma curta viagem de pouco mais de 800 metros, resolvemos passear um pouco e fomos a pé.
Cerca de um quarto de hora depois, chegamos ao Hospital. Uma vez ali, dirigimo-nos à urgência. Porém, uma vez chegados, não tivemos a sorte que julgávamos que iríamos ter. Como não fomos de ambulância, nem possuíamos nenhuma receita médica para a minha mulher ser vista, os serviços de urgência não poderam aceitar a entrada.
Insistimos dizendo que era só para ver se havia alguma coisa a correr menos bem e que depois iríamos embora. Mas não. O empregado que nos atendeu foi peremptório. Não era possível sermos atendidos. Eu e minha mulher ficamos um pouco baralhados e indecisos acerca do que fazer a seguir.
Lembrei-me, então, que conhecia, já há bastante tempo, aquele hospital e que talvez houvesse a possibilidade de lá entrar. Precisávamos de nos dirigir ao 5º piso, já que seria aí que se situavam o serviço de partos.
Uns anos antes tinha assistido à inauguração daquele hospital e, nessa altura, eu passeara por todo o lado desde o rés-do-chão até mesmo à sua cobertura. Desde as cozinhas à capela e claro, passeara também, pelas enfermarias. Foi de facto um passeio inolvidável que eu nunca esqueci.
Pensei nisso e tomei então uma decisão. Disse à minha mulher: "- Conheço uma possibilidade. Anda daí."
Fomos então para a parte, mais inferior, do hospital, do lado direito, ou seja, para a entrada destinada aos universitários. Ali situa-se a Faculdade de Medicina. Entramos por aí e ninguém nos impediu. Dirigimo-nos, seguidamente, para um pequeno elevador que existia do lado esquerdo da entrada principal e marcamos a tecla do 5° piso. Era esse o piso que a minha mulher conhecia como sendo o da ginecologia a obstetrícia e claro,também, dos partos.
Entramos. O elevador subiu e parou no 5°piso. Uma vez aí saímos e desembocamos num pequeno recinto que tinha uma porta que dava para um corredor. Espreitamos e ficamos algo indecisos. Tínhamos que decidir. Como na altura esse corredor se encontrava vazio acabamos por entrar. Caminhamos um pouco e depois aguardamos. Entretanto duma porta saiu uma doutora, ainda jovem, à qual minha mulher se dirigiu. Essa doutora ficou um pouco surpreendida mas, acabou por atender com interesse a minha mulher. Ela só queria ser vista por alguém que verificasse o seu estado. A doutora hesitou, um pouco, mas logo a seguir disse para ela entrar para uma enfermaria ao lado.
Fiquei à espera no corredor com a mala da minha mulher na mão. Passou-se cerca de meia hora e eu já começava a perder um pouco a paciência quando senti a porta dessa enfermaria a abrir. Reparo que era a minha mulher que se encontrava lá, com um sorriso forçado no rosto, mas já vestida com a roupa do hospital. Trazia, na mão, um embrulho com a sua roupa. Eu fiquei muito admirado com tudo aquilo, já que, nunca imaginara que ela estaria assim na eminência para ter o primeiro filho.
Afinal, pensei, tínhamos feito muito bem ter subido no elevador ao 5° piso. Acertamos na decisão que tínhamos escolhido.
Uma empregada hospitalar, que se tinha aproximado, disse-me que ela ia ficar e que eu poderia aguardar os resultados em casa. Então, perguntei-lhe como saberia do ocorrido quando o meu filho ou filha nascesse. Ela perguntou se tinha um número de telefone para ela ligar e me avisar. Forneci-lhe, então, o n° de telefone da torrefação que existia junto da nossa casa e pedi-lhe que telefonasse, para lá, mal houvesse notícias.
Ela disse-me para ficar descansado. Depois despedi-me da minha mulher com um carinhoso abraço e um beijo e claro, desejei-lhe, uma boa hora. Cerca de vinte minutos depois estava em casa e contei à minha cunhada, que lá se encontrava, assim como à minha mãe, o que tinha sucedido.
A partir dessa altura não consegui encontrar um momento de repouso. Tentava parecer calmo, respirava fundo, mas de facto não conseguia acalmar-me. Era algo que me ultrapassava. Caminhava de um lado para o outro, sentava-me, levantava-me, mas não conseguia ultrapassar aquela sensação agitada.
Era evidente que esse meu estado não passou despercebido à minha mãe e à cunhada. Tentaram sossegar-me, mas claro que essa excitação relacionada com o nascimento do meu primeiro filho não passava. Enquanto isso não acontecesse eu não conseguiria repousar.
Cerca das 12,40 horas, eu senti, de repente, uma inesperada e enorme paz.
Sem mais nem menos eu deixara de sentir toda aquela tremenda sensação de agitação interior. Foi de facto uma sensação única que não posso nunca esquecer. De repente fiquei muito calmo como se nada tivesse acontecido.
Mas tinha acontecido. Eu fora "avisado", por outras vias, disso mesmo.
Então eu disse de forma bem audível:- Já nasceu!
E disse-o, ali, para a minha mãe e minha cunhada o saberem. Passados poucos minutos alguém me chama pelo telefone da torrefação:
Era a empregada do hospital a dizer, exatamente, que meu filho tinha nascido e bem.
Assim, o nascimento dele ficou para sempre na minha memória. Eu tivera uma premonição ou telepatia com o seu nascimento. Fora objeto de um fenómeno estranho que se tinha manifestado naquela hora. Posso desde já afirmar que este é, sem dúvida, um caso muito especial e até único. Foi a primeira e única vez que me aconteceu.
 
A telepatia começou a merecer, a partir dessa altura, mais atenção. No entanto, que eu me lembre, não voltei a sentir tal perceção. Durante os anos seguintes nasceram-nos mais 5 filhos. Em mais nenhum tive uma experiência assim. Não se tratava, portanto, de qualquer anomalia ou, então, qualquer dom que eu tivesse escondido na minha mente. Foi mesmo um caso excecional. Mas foi!
 
António Durval"
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