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Aos oito anos

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                                                                                 Os Cabelos de Anjo   (1946)

       Tinha cerca de 8 anos e na altura morava com os meus pais na Estrada da Circunvalação no Amial — Porto. Nessa altura, essa estrada só possuía uma via alcatroada (a mais próxima da cidade) enquanto a outra, era, em terra batida. A uns 100 metros da minha casa, do lado nascente e próximo de uma mercearia, havia um pequeno monte onde existia uma bouça com algum mato.
       O tal terreno já não existe já que começou a ser ocupado por instalações da EDP e agora deu origem a um complexo de edifícios de habitação.
         Gostava de ir até lá ocasionalmente, brincar. Por vezes, os ciganos armavam aí as suas tendas e ficavam por lá uns tempos. Recordo-me que, num dia à noite, estive lá e fui até a uma tenda de ciganos. Era uma família cigana que lá vivia e assavam castanhas. O chefe da família chamou-me e convidou-me a comer algumas. Aceitei e sentei-me ao lado de uma garota. Como encontrara uma panela furada de cor azul, aproveitei e ofereci-a.
      Comi algumas castanhas e lembro-me que me souberam otimamente. Eu não falava muito já que não os entendia muito bem. Só me recordo de que gostei. Depois, despedi-me, e vim-me embora.
    Recordo-me que, pelo caminho vi, algo que me impressionou. Uns flocos de fios esbranquiçados que caíam do céu e pousavam por cima do mato. Apanhei alguns com a mão e logo eles desfizeram-se e desapareceram mal lhes tocava. Nessa altura estava longe de imaginar o que seriam esses flocos. Só muito mais tarde, quando estudava alguns casos do aparecimento de ÓVNIS, reparei que, algumas vezes tinham o aspeto de flocos brancos.
      Os pesquisadores chamavam a esses flocos  —  
cabelos de anjo.

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